Paula Valéria Carneiro
“Um dia deixei meu filho no hotelzinho e algum tempo depois a tia ligou dizendo que tinha um caroço no pescoço do João Vicente. Ele tinha quase oito meses na época. Resolvi então levá-lo até um hospital da cidade e o médico disse que não era nada, que eu ficasse tranqüila, que era apenas uma íngua. No entanto, eu fiquei com aquilo na cabeça, mesmo porque não sou mãe de primeira viagem e não achava que pudesse ser apenas isso, de uma hora para a outra. Meu filho não tinha febre, dor de garganta, nada. Retornei pela segunda vez ao mesmo local e me deram a mesma resposta. Passando tempo e o caroço crescendo, meu filho sem conseguir ficar com o pescoço normal, só inclinando a cabeça. Já estava incomodando. A médica solicitou então uma ultrassonografia da área e eu voltei para mostrar. Acreditem: era o mesmo médico que havia atendido da primeira vez. Mais uma vez ele disse que o exame não dizia nada. Minha sogra, que é técnica em Enfermagem, conseguiu então uma consulta com uma outra médica que era, à época, responsável pela UTI do Hospital Dom Malan: Dra. Sandra Calado. Quando fomos à consulta ela me alertou logo que eu não deveria ficar parada. Não me disse o que era ou o que poderia ser, pediu que eu procurasse Dra. Márcia Flávia, hematologista que trabalha no Ceonco. Ela me disse que poderia ser vários tipos de câncer, uma leucemia, uma vez que as taxas dele estavam baixas. A gente começou a fazer muitos exames. Viemos encaminhadas para o Ceonco, para Dra. Lídia Neves, pediatra. Fazíamos todo tipo de exame mas nenhum apontava resultados concretos. Excluíam possibilidades, mas não davam certeza de nada. A Dra. Lídia mobilizou todo mundo. Quando a gente fez biópsia foi descoberto um tumor. O caroço já estava em um estágio que todo mundo percebia. O meu bebê já perdendo o sono, sem consegui se alimentar. Na biopsia descobrimos que era Histiocitose Sinusal. Bom, os médicos ficaram receosos porque além de ser bebê, ele estava debilitado porque havia perdido peso. Eles verificavam que tipo de medicação poderia ser administrada. Começamos então a fase de recuperação dele, quando o pequeno tomou sangue. Dois meses depois, começamos o tratamento de quimioterapia aqui em Petrolina. Fazer cirurgia era arriscado porque corria o risco de não extirpar todo o tumor e depois ele acabar voltando. Optamos pela quimio. Começamos em agosto de 2010 e encerramos em setembro de 2011. Foi doloroso porque um tratamento de quimioterapia pede muita dedicação, muitos cuidados, mas aqui no CEONCO existe uma equipe que, além de dar o atendimento profissional, sabe acolher, dar conforto. Fizeram com que eu percebesse que aquilo tudo não era o fim, apenas o começo.
O que eles podem fazer por você eles fazem: não medem distância e nem esforços. Ligam para você, vão atrás de alternativas, conversam com outros profissionais. Na hora que você precisar pode ligar para eles. O único problema é que como aqui não funciona no fim de semana e feriados, quando tinha problema tinha que ir para o IMIP. Meu filho aqui sempre foi muito bem acolhido, conhece do diretor à auxiliar de serviços gerais, na época ele era o único bebê daqui.
Saio de coração limpo e alma lavada. A lição que tiro disso tudo é que você pode sim, ver um enorme muro na sua frente e perguntar como você vai atravessar para o outro lado, e você encontra pessoas boas que te ajudam e você consegue. Primeiro Deus, depois a família e estas pessoas. Na segunda sessão de quimioterapia, já não visualizava mais nenhum tumor, graças a Deus, mas tivemos que continuar o tratamento. O tumor dele pode vir a acontecer de novo, mas cremos que isso não vá acontecer”.
(Paula Valéria Carneiro, 22 anos, mãe de paciente)